O novo normal da IA: da euforia ao pragmatismo corporativo

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João Soares

Nos últimos três anos, a inteligência artificial ocupou o topo das agendas de transformação digital. O entusiasmo foi tão intenso que muitas empresas mergulharam em provas de conceito apressadas, sem clareza sobre objetivos ou métricas de retorno. O resultado, em muitos casos, foram iniciativas fragmentadas, de alto custo e baixo impacto. Agora, um novo movimento começa a se consolidar: a fase de integração cautelosa.

Relatórios de mercado recentes mostram que organizações mais maduras estão substituindo o experimentalismo pelo pragmatismo orientado a ROI. Em vez de dezenas de pilotos desconectados, há um pipeline priorizado de casos de uso, escolhidos não pela moda, mas pela capacidade de gerar valor mensurável. Processos críticos, como atendimento ao cliente, análise de riscos e otimização de operações, ganham prioridade porque entregam resultados tangíveis e facilmente comunicáveis aos stakeholders.

Essa mudança de postura traz implicações diretas para os gestores. A primeira é a necessidade de uma governança robusta: quem decide o que será testado, quais critérios definem o sucesso e como se garante a ética e a conformidade regulatória. A segunda é a exigência de métricas claras. Já não basta alegar que a IA “melhora a produtividade”; é preciso demonstrar reduções de custo, aumento de receita ou ganhos de eficiência operacional em termos concretos.

Outro ponto central é a escalabilidade. Projetos de IA que funcionam em pequena escala muitas vezes fracassam quando expostos a volumes maiores de dados, usuários ou integrações com sistemas legados. É por isso que a arquitetura tecnológica — desde a infraestrutura em nuvem até os contratos com fornecedores — precisa estar preparada para o crescimento. O planejamento de longo prazo deixa de ser opcional e se torna um diferencial competitivo.

O novo normal da IA é, portanto, menos sobre deslumbramento e mais sobre disciplina. A inovação continua vital, mas precisa caminhar de mãos dadas com gestão estratégica, compliance e clareza de impacto. No fim, as organizações que conseguirem equilibrar ousadia e cautela serão aquelas que transformarão a inteligência artificial em vantagem sustentável.

📎 Fonte: Mezha.net – AI industry shifts to cautious integration